sábado, 17 de janeiro de 2009

Coisas que eu sou, mesmo não entendendo.

Eu queria deixar as coisas encantadas me tocarem, me dizer mentiras e me fazer sofrer.
Mas sou frágil.
Talvez por isso o meu apreço por pedras.
As pedras - coisas em princípio inabáláveis- são o meu desejo de existência.
Queria ser uma pedra em que as palavras e as vontades não penetrassem.
Mas tudo reverbera em mim com uma força arrebatadora, que me deixa pesado (me deixa deserto) por dias. Imagine só se eu fosse mais de um!
Se resignado à solidão cada coisa ínfima é capaz de me lançar noite adentro, imagina só se me tivesse alguém do lado!
Minha estranheza de Adão não é uma coisa egoísta, muito ao contrário. É pela paz de alguém que eu atravesso sozinho essa sala.
Perdão a esse alguém que, eventualmente e sem nehuma explicação lógica, fosse capaz de me abraçar à noite, e dormir comigo, mesmo sabendo que eu só devolveria silêncio e quem sabe até um pouco de ódio.
Tenho presa dentro de mim uma capacidade imensa de amar. É porque ela é muito grande que eu me assusto tanto.
Mas quero que saibam que eu poderia ser infinito, se não fosse o meu primeiro passo direto para o abismo.
É para não morrer que não amo.
É para não magoar que não amo.
É para não amar que escrevo.
Vou seguir até onde der. Sem paz. Sem nada.

Um comentário:

  1. E no contaponto do Adão eu desejava ser frágil. Mas talvez eu seja dentro de mim mesma. Mas só dentro. Pq por fora aparento ser forte, recebo nota por ser forte. Nunca tive o direito de chorar por muito tempo. Qnd eu era criança cada vez q eu chorava eu ouvia que outros sofriam mais e q eu não tinha o direito. Agora tbm não posso pq tds me dizem o qnto eu sou alegre e devo permanecer assim. Mas eu queria ser frágil. E que todo o choro que eu guardei saisse pelos meus olhos. E dps que eu chorasse por tudo pudesse me transformar numa das borboletas que me guardam.

    ResponderExcluir