sábado, 24 de outubro de 2009

De profundis

Transita livremente dentro de mim, pedaços de outras pessoas.
Versos, quinquilharias, álbuns de recordação, sexos.
Dias seguintes e que nunca chegarão.
Tudo que tenho são dos outros.
Dos que não me abraçam mais, ou porque já morreram,
Ou porque foram embora.
Há ainda os que nunca existiram, desses tenho uma especial saudade.
Volta e meia, tento expelir alguns desses pedaços.
É quando finjo/forjo um poema.
E agonizo por alguns dias.
Morto ou não, apareço aqui neste blog,
Dizendo adeus ou olá, para essas poucas pessoas,
ganhando novos pedaços de mim.
Eu sou um monte de pessoas que nunca existiram.

Prometo que logo volto a publicar qualquer coisa sem sentido.
É que tenho sido transfigurado por uma paz comprada em farmácia, e tenho andado surdo de mim.
Abraços àqueles que existem e passam por aqui.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O "NÃO"

Esparso e espasmódico, volto combalido e pergunto a vocês:
O que traduz a vida? Um instante ou a soma deles?
Existe um sim incondicional?
E quem é responsável pelo sim? Sou eu?

Fiz 25 anos hoje. É um quarto de século. É o suficiente para muitas guerras e elas estão todas aqui, acumuladas. Por isso digo que estou combalido. Acreditem em mim.
... 25 anos. Parece muito. E seria.
Mas antes de mim, me antecedendo, o medo. E ele me cobra a fatura.
Por isso meu passo é meio passo. E minha vontade parece vontade nenhuma.
Mas é mentira, No final das contas, é só mentira. Não acreditem em mim, amigos!

Carrego o mundo e ele me pesa.
Às vezes mais, às vezes menos.
E eu, às vezes, Nunca.

Fiz o poema agora. É por isso que ele cheira a tristeza. Perdoem-me.



"O NÃO"

A pequena avidez
nos olhos,
calma.
Nasce nos dedos e,
vida curta, precoce,
morre nos olhos.

A pequena avidez,
de ser jovem
ao meio dia
no fim do mundo.
E sem nenhum lugar pra ir.

A pequena avidez,
de amanhã ser tarde,
de ser dezembro,
de ser promessa.

A pequena avidez
inteligente e sábia
e infantil.
Querendo saber
De onde virá
O NÃO.

Hoje acaba o mundo
E eu não tenho nada.
Nem filhos nem poesia
E nem um abraço na cama
(A cama é fria)
E nenhum barulho na sala
ou na cozinha.
Ou dentro de mim.

Dentro de mim, só a pequena avidez
E ela é muda.
É de mim que vem O "NÃO".