quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Hoje: Alguma coisa para morrer



Um ensaio de um novo conto ou de uma vontade.
Duas tentativas esperando a assunção de seu dono (eu).
Ponto final ou Ponto de Partida?

É bom estar de volta.
É horrível estar de volta.
Para fugir da tragédia, meu novo texto: pequeno e medíocre. Eu sei.




Ponto final. Ponto de Partida


O gosto da água no vidro. A janela. Do ônibus.
As luzes da cidade, confusas luzes, desfocadas luzes. As luzes que ficavam. Luzes que não seriam mais.
Luzes e chuva de ir embora. A vontade de ir embora. Embora a despedida, enquanto signo, enquanto rito, não tivesse acontecido.
Porque chovia ele se aproximou da janela. Tentar enxergar do outro lado.
Nada. Ninguém.
Então ele provou da água e viu, como Deus, que aquilo era bom e não existia antes dele.
Ele era jovem e viveria depois. E muito. E com suas vontades todas.
O medo se dissolveu na boca. Não era uma viagem. Era uma fuga. Por isso nada, ninguém.
Não avisou a mãe, a irmã, o amigo.
O carro cortou a cidade embaciada. E depois, mergulhados no escuro – O carro, o rapaz – seguiram longe. Ambos, coisas cheias de silêncio. Olhando a estrada.
Uma coisa com um gosto novo na boca. Esperava. E ia embora.

Um comentário:

  1. E esse rapaz quis se tornar a própria chuva. Que de tudo prova, tudo amedronta e tudo fascina. Que transforma, que limpa, que leva, que cai, que escorre, que beija todos os rostos e todas as mãos. O rapaz foi, em busca da metamorfose.

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