sábado, 27 de dezembro de 2008

A Palavra não me dá nada, só uma tristeza encantada

Reino solitário e calado. Sou o depois de mim sem os outros. O silêncio que fica.
Sou a frase ensaiada e não dita.
O encanto minimizado.
Estou esperando o dia nascer. Perturbado, esperando...
Ontem foi natal, risos, presentes. Hoje é angústia.
Estou me sentindo mais velho que a minha idade, tenho dores, nostalgias. Sofro transfigurações.
Sinto as coisas fugirem.
No dia seguinte da criação do blog, acordei com uma espécie de ressaca, meio desencantado, pensando se publicar minha fuga era a melhor saída. Nunca gostei de me pôr a prova e, mesmo que ninguém me lesse, as palavras estariam ali, ditas e, de certo modo, indeléveis.
Porque a coisa escrita é o escritor nú e eu não sabia se queria.
Tudo que eu dissesse, até a previsão (lírica) do tempo, seria pessoal, e eu não sabia se queria.
Pensei em esquecer o Estranho Adão, fingir que não era eu.
Para quê escrever? A palavra não me dá nada, só uma tristeza encantada! A palavra lida/escrita/adivinhada/cantada só me enche de silêncios! Para quê?
E ainda haveria o perigo de me enxergar, repentinamente descortinar meus recônditos!
Não, definitivamente e antes de tudo, era perigoso.
Mas o fato, a coisa rasa disso tudo, é que estou aqui, escrevendo. Essa é minha resposta. Não consigo não fazê-lo. É maior e mais forte. É minha segunda respiração, fraca, doente. É uma respiração doída, mas tremendamente necessária e minha.
Vou continuar. Faz parte de ser estranho.

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