É sempre assim. fujo, tento me controlar, juro que vou ficar longe, porque é preciso, porque é uma questão de sanidade. Daí, cuido de me trair. Vou na prateleira ou vou na Vicente Miguel ou visito um chipanzé. E pronto. Aconteço aqui de novo. Pra morrer setenta vezes durante o resto da semana.
Segue o poema (qualquer dia invento um neologismo pra diminuir o peso da palavra).
NAO,./?
Não, eu não quero a paz.
Não quero o horário definido pro jantar. Não quero a janta pronta. Não quero jantar.
Não quero conhecer a rua. Nem as pessoas da rua.
Não quero dormir às 22 e acordar às 7.
Não quero água quente, elevador, prateleiras para os livros.
Roupa lavada, passada, engomada e guardada. Definitivamente, isso não quero.
Não quero a reforma da casa, o conforto.
Não quero os sapatos lustrados.
Não quero o lustre entre nós.
Não quero “nós”.
Esse cheiro de coisa guardada,
Essa coisa velada,
Esse silêncio,
Eu não quero.
Eu não quero a aprovação.
Eu não quero o sim.
Eu não quero o não.
Eu só quero ir.
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sexta-feira, 12 de março de 2010
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Diário da noite no deserto. No céu, Apocalipse e chuva
Segue aí um texto feito há alguns meses atrás que encontrei entre papéis avulsos e, como sempre, defenestráveis.
Depois de um tempo sozinho no quarto suas unhas começam a enegrecer.
E nasce nas entranhas um desejo esfacelado, que vira na segunda à esquerda do seu peito, eleva-se contra a gravidade e divide-se numa bifurcação, vindo desaguar bem ali, na cavidade dos olhos.
Você é o meio de uma coisa, de um acontecimento.
Só que você não entende a cor da abóbada, e nem por que todos os anjos estão ao contrário, rezando contra o advento.
Para se certificar de que não é um sonho, você arranca um dos braços. Percebe logo que poesia seduz e assassina.
À revelia de sua junta médica, você vai ao encontro com Clarice Lispector. E chagando lá, nota que ela também não tem um dos membros. Ela fala alguma coisa sobre o preço do tomate e então começa a chover.
O dia acaba em cinco minutos, você volta pra casa e ao chegar encontra seu filho morto na banheira, uma boca da cor de Marcelo Mirisola.
Logo depois de jantar, arroz com fritas e cinema, você leva o corpo de seu filho ao supermercado e o troca por cinco garrafas de coca-cola. Suas unhas começam então a voltar ao normal.
Não obstante a paz alcançada, você recolhe um verso que acabou de brotar no asfalto da avenida. Naquela avenida trafegam apenas porcos e caminhões.
Perto de você, esperam também pelo sol, Hilda Hilst e Dalton Trevisan. Eles estão rindo. De você.
Você vai dizer e todos acreditarão que é delírio.
Mas no mesmo rosto, no seu rosto, disputa espaço com a mentira, uma expressão de dor pelo braço arrancado.
E nos olhos, ainda escorre um pouco daquele líquido traiçoeiro do desejo.
Depois de um tempo sozinho no quarto suas unhas começam a enegrecer.
E nasce nas entranhas um desejo esfacelado, que vira na segunda à esquerda do seu peito, eleva-se contra a gravidade e divide-se numa bifurcação, vindo desaguar bem ali, na cavidade dos olhos.
Você é o meio de uma coisa, de um acontecimento.
Só que você não entende a cor da abóbada, e nem por que todos os anjos estão ao contrário, rezando contra o advento.
Para se certificar de que não é um sonho, você arranca um dos braços. Percebe logo que poesia seduz e assassina.
À revelia de sua junta médica, você vai ao encontro com Clarice Lispector. E chagando lá, nota que ela também não tem um dos membros. Ela fala alguma coisa sobre o preço do tomate e então começa a chover.
O dia acaba em cinco minutos, você volta pra casa e ao chegar encontra seu filho morto na banheira, uma boca da cor de Marcelo Mirisola.
Logo depois de jantar, arroz com fritas e cinema, você leva o corpo de seu filho ao supermercado e o troca por cinco garrafas de coca-cola. Suas unhas começam então a voltar ao normal.
Não obstante a paz alcançada, você recolhe um verso que acabou de brotar no asfalto da avenida. Naquela avenida trafegam apenas porcos e caminhões.
Perto de você, esperam também pelo sol, Hilda Hilst e Dalton Trevisan. Eles estão rindo. De você.
Você vai dizer e todos acreditarão que é delírio.
Mas no mesmo rosto, no seu rosto, disputa espaço com a mentira, uma expressão de dor pelo braço arrancado.
E nos olhos, ainda escorre um pouco daquele líquido traiçoeiro do desejo.
sábado, 24 de outubro de 2009
De profundis
Transita livremente dentro de mim, pedaços de outras pessoas.
Versos, quinquilharias, álbuns de recordação, sexos.
Dias seguintes e que nunca chegarão.
Tudo que tenho são dos outros.
Dos que não me abraçam mais, ou porque já morreram,
Ou porque foram embora.
Há ainda os que nunca existiram, desses tenho uma especial saudade.
Volta e meia, tento expelir alguns desses pedaços.
É quando finjo/forjo um poema.
E agonizo por alguns dias.
Morto ou não, apareço aqui neste blog,
Dizendo adeus ou olá, para essas poucas pessoas,
ganhando novos pedaços de mim.
Eu sou um monte de pessoas que nunca existiram.
Prometo que logo volto a publicar qualquer coisa sem sentido.
É que tenho sido transfigurado por uma paz comprada em farmácia, e tenho andado surdo de mim.
Abraços àqueles que existem e passam por aqui.
Versos, quinquilharias, álbuns de recordação, sexos.
Dias seguintes e que nunca chegarão.
Tudo que tenho são dos outros.
Dos que não me abraçam mais, ou porque já morreram,
Ou porque foram embora.
Há ainda os que nunca existiram, desses tenho uma especial saudade.
Volta e meia, tento expelir alguns desses pedaços.
É quando finjo/forjo um poema.
E agonizo por alguns dias.
Morto ou não, apareço aqui neste blog,
Dizendo adeus ou olá, para essas poucas pessoas,
ganhando novos pedaços de mim.
Eu sou um monte de pessoas que nunca existiram.
Prometo que logo volto a publicar qualquer coisa sem sentido.
É que tenho sido transfigurado por uma paz comprada em farmácia, e tenho andado surdo de mim.
Abraços àqueles que existem e passam por aqui.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Conto de fadas para as crianças que insistem em brincar perto do abismo
Transido pelo terror da vontade que recrudesce - aquela chuva no deserto voltou forte - resolvi postar este microconto, escrito há alguns meses, por que me pareceu fortemente emblemático.
Enxerguei nele o contraponto de minha mais recente e mirabolante decisão, na verdade uma decisão antiga, que se "monstrificou" pela força dos últimos acontecimentos. Reverbera o desejo e quando bate forte em mim, vira loucura. vira fuga. Vou seguir viagem.
Saibam todos que continuarei na minha ilha, mas logo parto para outra: Floripa.
LONGE DO CHÃO
Não demorou quase nada. Um vôo curto rumo ao chão.
Agonizou por exatos três minutos e vinte segundos, tempo que seus olhos usaram para admirar os vizinhos nas janelas. O mundo era maior e até mesmo bonito visto daquele ângulo. Dezenove andares de mundo: torre de babel: precipício arquitetônico.
Ninguém chegou antes do cachorro, que lambeu o sangue do rosto dele. Uma coisa quente sobre o rosto. Foi uma lágrima.
O homem chorou? Ou foi o cachorro? Ou teria sido uma primeira gota de chuva?
Ele já estava morto. Antes de pular, segundo ele, já estava quase completamente morto.
Era uma teoria sua: dentro das pessoas, umas partes morrem antes. A morte é uma coisa que vai ficando pronta aos poucos. A morte não é um vôo curto rumo ao chão. A morte demora muito. De modo que, antes de se atirar prédio abaixo, o homem já estava morto.
Logo depois que o corpo foi levado, começou a chover. Os vizinhos chocados voltaram a ver televisão e o cachorro atravessou tranquilamente a rua, se enfiando num beco. O sangue foi lavado da calçada. A chuva levou.
Aquela chuva, anunciada por dias e que não vinha. depois que ele morreu, caiu forte e depressa. E encantou o resto da terça-feira.
A chuva roubou o resto da noite densa e abafada.
Momentos antes o homem desejou muito que chovesse. Ali, na janela, no alto do edifício, de braços abertos, o homem desejou o rosto açoitado por gotas bravias da mais torrencial das chuvas. Do alto do prédio, a cidade toda dele. Quem o visse, reinando altivo daquele jeito, naquela epifania solitária, certamente o amaria.
Três semanas depois, uma mulher se mudou para o apartamento em que o homem morava. Ela descobriu um poema escrito na parede da cozinha, no lugar em costumava ficar a geladeira. E o poema dizia coisas bonitas e tristes. Sobre um velho, uma árvore no meio da sala e muitos pássaros.
Enxerguei nele o contraponto de minha mais recente e mirabolante decisão, na verdade uma decisão antiga, que se "monstrificou" pela força dos últimos acontecimentos. Reverbera o desejo e quando bate forte em mim, vira loucura. vira fuga. Vou seguir viagem.
Saibam todos que continuarei na minha ilha, mas logo parto para outra: Floripa.
LONGE DO CHÃO
Não demorou quase nada. Um vôo curto rumo ao chão.
Agonizou por exatos três minutos e vinte segundos, tempo que seus olhos usaram para admirar os vizinhos nas janelas. O mundo era maior e até mesmo bonito visto daquele ângulo. Dezenove andares de mundo: torre de babel: precipício arquitetônico.
Ninguém chegou antes do cachorro, que lambeu o sangue do rosto dele. Uma coisa quente sobre o rosto. Foi uma lágrima.
O homem chorou? Ou foi o cachorro? Ou teria sido uma primeira gota de chuva?
Ele já estava morto. Antes de pular, segundo ele, já estava quase completamente morto.
Era uma teoria sua: dentro das pessoas, umas partes morrem antes. A morte é uma coisa que vai ficando pronta aos poucos. A morte não é um vôo curto rumo ao chão. A morte demora muito. De modo que, antes de se atirar prédio abaixo, o homem já estava morto.
Logo depois que o corpo foi levado, começou a chover. Os vizinhos chocados voltaram a ver televisão e o cachorro atravessou tranquilamente a rua, se enfiando num beco. O sangue foi lavado da calçada. A chuva levou.
Aquela chuva, anunciada por dias e que não vinha. depois que ele morreu, caiu forte e depressa. E encantou o resto da terça-feira.
A chuva roubou o resto da noite densa e abafada.
Momentos antes o homem desejou muito que chovesse. Ali, na janela, no alto do edifício, de braços abertos, o homem desejou o rosto açoitado por gotas bravias da mais torrencial das chuvas. Do alto do prédio, a cidade toda dele. Quem o visse, reinando altivo daquele jeito, naquela epifania solitária, certamente o amaria.
Três semanas depois, uma mulher se mudou para o apartamento em que o homem morava. Ela descobriu um poema escrito na parede da cozinha, no lugar em costumava ficar a geladeira. E o poema dizia coisas bonitas e tristes. Sobre um velho, uma árvore no meio da sala e muitos pássaros.
sábado, 1 de agosto de 2009
EMERSÃO
Não sei se foi Clarice (consegui ler de novo) ou Jú (um comentário no Éden perdido), mas tive de volta aquela sensação que perdera há muito. De que há algo dentro de mim que precisa se manifestar. A vontade recrudesceu e eu me vejo agora, no meio dessas palavras, escrevendo novamente, com tudo de bom e de horrível que o ato de escrever me oferece.
E preciso falar aos amigos, aos que já sabiam e aos que saberão agora, e falar aos desconhecidos, e às coisas que já morreram e nos alimentam, e aos deuses impossíveis, e falar aos que jamais ouvirão, que eu imagino, eu espero, estar perto da cura. Estou melhor, vendo as coisas mais claramente e me assustando bem menos com elas. Estou vivo e vivendo. Estou vivo e aprendendo a viver.
Estou aprendendo a dizer que amo as pessoas.
Eu te amo, Valéria, Geisa, Juliana, Danilo, Martirene, Geovana, Rose, Paulinha, Sara, Ivanildo, todo mundo do Vieira e do Trapiche. Sem medo de ser piegas, eu amo.
Estou tornando as coisas simples. Ser medíocre e me conformar com o fato de que as coisas que eu quero jamais serão minhas me fizeram uma pessoa melhor.
É isso: ser uma pessoa melhor é ser uma pessoa menor.
É isso: estou diminuindo e, ainda assim, não caibo em mim.
É uma forma de felicidade. É a forma de felicidade que me cabe. Estou feliz com minha felicidade.
E com saudade de estar perto de muita gente.
E com vontade de virar o azul do céu e a cor que eu não sei qual é, que corre na água do rio.
E por falar em rio, aproveito para terminar falando que emergi. Estou de volta. E consigo respirar.
R.
E preciso falar aos amigos, aos que já sabiam e aos que saberão agora, e falar aos desconhecidos, e às coisas que já morreram e nos alimentam, e aos deuses impossíveis, e falar aos que jamais ouvirão, que eu imagino, eu espero, estar perto da cura. Estou melhor, vendo as coisas mais claramente e me assustando bem menos com elas. Estou vivo e vivendo. Estou vivo e aprendendo a viver.
Estou aprendendo a dizer que amo as pessoas.
Eu te amo, Valéria, Geisa, Juliana, Danilo, Martirene, Geovana, Rose, Paulinha, Sara, Ivanildo, todo mundo do Vieira e do Trapiche. Sem medo de ser piegas, eu amo.
Estou tornando as coisas simples. Ser medíocre e me conformar com o fato de que as coisas que eu quero jamais serão minhas me fizeram uma pessoa melhor.
É isso: ser uma pessoa melhor é ser uma pessoa menor.
É isso: estou diminuindo e, ainda assim, não caibo em mim.
É uma forma de felicidade. É a forma de felicidade que me cabe. Estou feliz com minha felicidade.
E com saudade de estar perto de muita gente.
E com vontade de virar o azul do céu e a cor que eu não sei qual é, que corre na água do rio.
E por falar em rio, aproveito para terminar falando que emergi. Estou de volta. E consigo respirar.
R.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Passando aqui para me autopromover
Estranho Adão, vagante e divagante volta do paraíso para este blog.
Vem se autopromover. Olha só você que não me lê: visite o historiaspossiveis.wordpress.com .
É uma revista literária eletrônica que tem como editor o André de Leones, escritor vencedor do prêmio Sesc de Literatura de 2005 e que curtiu um conto meu !!! e o publicou!!!
Acreditem se quiser, agora sou mais que um falso escritor não publicado e não lido, sou um falso escritor PUBLICADO e não lido!
Quem quiser conhecer a história passe por lá e deixe um comentário (lá e aqui e onde mais quiser).
Um escritor é uma espécie inferior de mendigo, por isso o apelo.
Ah, depois venho aqui pra falar sobre a viagem a Ibotirama e minha nova pedra.
Saudades de mim aqui.
Vem se autopromover. Olha só você que não me lê: visite o historiaspossiveis.wordpress.com .
É uma revista literária eletrônica que tem como editor o André de Leones, escritor vencedor do prêmio Sesc de Literatura de 2005 e que curtiu um conto meu !!! e o publicou!!!
Acreditem se quiser, agora sou mais que um falso escritor não publicado e não lido, sou um falso escritor PUBLICADO e não lido!
Quem quiser conhecer a história passe por lá e deixe um comentário (lá e aqui e onde mais quiser).
Um escritor é uma espécie inferior de mendigo, por isso o apelo.
Ah, depois venho aqui pra falar sobre a viagem a Ibotirama e minha nova pedra.
Saudades de mim aqui.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Voa Pensamento!
O Som de mim. De mim em silêncio. O som. Do silêncio. De mim. De dentro. De dentro de mim. De dentro do silêncio.
É como estar na chuva. Na tarde cinza. Dentro da tarde e para sempre. Para sempre a chuva. Para sempre a tarde. Para sempre o cinza. A tarde dentro de mim e chovendo.
O pensamento sobre o pássaro. Sob o pássaro. Pelo pássaro. Um pensamento para o pássaro.
Que voa e não volta.
Como a chuva. Naquela tarde em que eu só tinha silêncios e pássaros.
É como estar na chuva. Na tarde cinza. Dentro da tarde e para sempre. Para sempre a chuva. Para sempre a tarde. Para sempre o cinza. A tarde dentro de mim e chovendo.
O pensamento sobre o pássaro. Sob o pássaro. Pelo pássaro. Um pensamento para o pássaro.
Que voa e não volta.
Como a chuva. Naquela tarde em que eu só tinha silêncios e pássaros.
sábado, 27 de dezembro de 2008
ESCREVER MORRE
Meio embriagado de todos os acontecimentos mudos dos últimos dias. Embriagado dessa experiência que é escrever para fora (para fora de mim, devo dizer). E ainda, perturbado pela mais recente promessa de livro (cujo título vem de uma amiga minha, Geisa Sabine, e ela nem sabe), veio - relâmpago - um poemazinho sobre esta atividade árida que é a escrita.
Porque escrever é um pouco como ser uma criança que morre precocemente.
Escrever é uma coisa cheia de promessas, que não se revela, que não acontece - uma criança que morre.
Enfim, escrever morre.
E lá vai o poema>>>
Escrever morre
Tem a palavra
E depois da palavra, o medo
Tem a verdade
E depois da verdade, o segredo
E tem o homem
E depois do homem, o menino
que morreu,
sem saber por que veio.
Porque escrever é um pouco como ser uma criança que morre precocemente.
Escrever é uma coisa cheia de promessas, que não se revela, que não acontece - uma criança que morre.
Enfim, escrever morre.
E lá vai o poema>>>
Escrever morre
Tem a palavra
E depois da palavra, o medo
Tem a verdade
E depois da verdade, o segredo
E tem o homem
E depois do homem, o menino
que morreu,
sem saber por que veio.
A Palavra não me dá nada, só uma tristeza encantada
Reino solitário e calado. Sou o depois de mim sem os outros. O silêncio que fica.
Sou a frase ensaiada e não dita.
O encanto minimizado.
Estou esperando o dia nascer. Perturbado, esperando...
Ontem foi natal, risos, presentes. Hoje é angústia.
Estou me sentindo mais velho que a minha idade, tenho dores, nostalgias. Sofro transfigurações.
Sinto as coisas fugirem.
No dia seguinte da criação do blog, acordei com uma espécie de ressaca, meio desencantado, pensando se publicar minha fuga era a melhor saída. Nunca gostei de me pôr a prova e, mesmo que ninguém me lesse, as palavras estariam ali, ditas e, de certo modo, indeléveis.
Porque a coisa escrita é o escritor nú e eu não sabia se queria.
Tudo que eu dissesse, até a previsão (lírica) do tempo, seria pessoal, e eu não sabia se queria.
Pensei em esquecer o Estranho Adão, fingir que não era eu.
Para quê escrever? A palavra não me dá nada, só uma tristeza encantada! A palavra lida/escrita/adivinhada/cantada só me enche de silêncios! Para quê?
E ainda haveria o perigo de me enxergar, repentinamente descortinar meus recônditos!
Não, definitivamente e antes de tudo, era perigoso.
Mas o fato, a coisa rasa disso tudo, é que estou aqui, escrevendo. Essa é minha resposta. Não consigo não fazê-lo. É maior e mais forte. É minha segunda respiração, fraca, doente. É uma respiração doída, mas tremendamente necessária e minha.
Vou continuar. Faz parte de ser estranho.
Sou a frase ensaiada e não dita.
O encanto minimizado.
Estou esperando o dia nascer. Perturbado, esperando...
Ontem foi natal, risos, presentes. Hoje é angústia.
Estou me sentindo mais velho que a minha idade, tenho dores, nostalgias. Sofro transfigurações.
Sinto as coisas fugirem.
No dia seguinte da criação do blog, acordei com uma espécie de ressaca, meio desencantado, pensando se publicar minha fuga era a melhor saída. Nunca gostei de me pôr a prova e, mesmo que ninguém me lesse, as palavras estariam ali, ditas e, de certo modo, indeléveis.
Porque a coisa escrita é o escritor nú e eu não sabia se queria.
Tudo que eu dissesse, até a previsão (lírica) do tempo, seria pessoal, e eu não sabia se queria.
Pensei em esquecer o Estranho Adão, fingir que não era eu.
Para quê escrever? A palavra não me dá nada, só uma tristeza encantada! A palavra lida/escrita/adivinhada/cantada só me enche de silêncios! Para quê?
E ainda haveria o perigo de me enxergar, repentinamente descortinar meus recônditos!
Não, definitivamente e antes de tudo, era perigoso.
Mas o fato, a coisa rasa disso tudo, é que estou aqui, escrevendo. Essa é minha resposta. Não consigo não fazê-lo. É maior e mais forte. É minha segunda respiração, fraca, doente. É uma respiração doída, mas tremendamente necessária e minha.
Vou continuar. Faz parte de ser estranho.
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