sábado, 7 de fevereiro de 2009

Um poema para a carência

Sabeis amigos, é importante: não é sempre que quero estar só.
Hoje, por exemplo, por uma tarde melancólica e densa de carência de não-sei-o-quê, veio, relâmpago, um poema (por falta de nome que o classifique) que traduz essa confissão.
Este vosso amigo está só e estará sempre, mas por momentos alguns, relâmpagos, desejaria entre os braços alguém que não existe e que ele não quer (ou não pode) conhecer.
O poema vai como veio, com as imperfeições dos arroubos, dos impulsos, e com a verdade (palavra temerária) de quem não corrige o texto para não correr o risco de dizer o que não sente. Ou para não correr o risco de sentir de novo o que escreveu.

Poema da carência (que passará)

Depois que o sol secar meu rosto,
Seu rosto,
Do mar que não tocamos,
Você, que não existe,
Eu que não quero existir,
Estaremos enfim, novamente
Resignados e sem medo de continuar.
Inconscientes um do outro,
Mas esperando...
A palavra.
O encontro.
A vontade de existir.
Eu em você.
Você em mim.

Antes de o mar molhar meu rosto,
Seu rosto,
Sem a garantia do sol protetor,
Você, que não me conhece,
Eu que não quero te conhecer
(porque sou estranho Adão)
Estaremos assim, plenamente,
Inconscientes um do outro,

Eufóricos e esperançosos.
Mas apenas
Esperando.


Um comentário: